A minha experiência profissional enquanto professora colocou-me lado a lado com a realidade que transparece no comportamento das crianças. Eu tenho o privilégio de ter experiência no ensino particular (com um só aluno), e no ensino em grupo, que me possibilita conhecer as duas perspectivas.
As crianças em grupo tendem a revelar-se de uma forma mais livre, mas sem revelar o que sentem, embora o comportamento fale por si. No particular, as crianças sentem-se mais à vontade de falar directamente dos seus problemas.
As crianças, quando revelam atitudes inquietantes, explosivas, são normalmente as que mais sofrem. É como um desabafo, um chamar de atenção, ou uma forma de expressarem aquilo a que são repreendidas na presença dos pais.
É importante percebermos estes sinais para quem for professor ou pai. O diálogo entre casa/escola e ATL é fundamental. Não perguntem se o vosso filho se portou bem somente a pensar num castigo. Verifiquem o comportamento da criança para verificar o que se passa com ela. Se ela aprende mal, mostra desinteresse, ou maltrata os colegas e professores, algo se passa de mal com a criança, e grande parte das vezes o problema é em casa e por vezes os pais nem se apercebem disso. Mas poderá ser na escola também. Verifiquem se ela está a ser bem tratada pelos colegas e professores e se as aulas são um estimulo e se há bom diálogo entre a criança e a professora.
Ter em atenção ao que a criança gosta de fazer é fundamental para haver uma junção desse interesse com o ensino, estimulando assim a criança a estudar com uma finalidade, de a desenvolver no que mais gosta. Lembrem-se de estimular a criança a dar o seu melhor e não a ter as notas que se espera dela, que cria pressão e desmotivação para a criança. Cada criança é um ser único, e ela tem de ser estimulada a conhecer-se e a dar o seu melhor. Só assim existirão bons resultados.
Caso a criança não goste de fazer nada, terá de ser estimulada a isso. É fundamental para um crescimento saudável e bom aproveitamento na escola saber o que gosta de fazer. Dê-lhe liberdade na hora de brincar. Deixe-a riscar, rasgar, sujar-se. A segurança é necessária, claro. Dê-lhe um local apenas para brincar, seguro, e dentro desse perímetro, deixe-a fazer o que lhe apetecer com vários materiais que ela possa utilizar (papel, terra, tintas, elementos da natureza, etc.), e sempre vigiada, mas sem restrições desnecessárias. Essa liberdade vai-lhe proporcionar o auto-conhecimento e aos poucos vai descobrir o que mais gosta de fazer.
Em casa não discutam em frente aos vossos filhos, eles assimilam tudo, sofrem, e muitas vezes interpretam as discussões como sendo culpa deles. Façam actividades em família e estimulem o diálogo para habituar a criança a conversar e a desabafar com vocês. Vai sentir-se segura e poderá desabafar sempre que necessitar.
Na escola, o professor, antes de ser professor tem de ser um ser humano, um(a) amigo(a) do aluno. A escola é uma partilha de conhecimento, é uma troca de ideias, de gostos, de estímulos. É, sobretudo, um trabalho de grupo, que estimulará tanto o aluno como o professor, e as aulas tornam-se mais interessantes e estimulantes.
As crianças absorvem tudo com mais intensidade que os adultos. Ela será aquilo que observa. Se houver bom ambiente, bons exemplos e bons estímulos, ela crescerá de forma saudável e feliz.
(Tudo o que escrevi aqui é um conhecimento adquirido durante a minha experiência profissional, na observação e diálogo com as crianças, pais e professores.)
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