Nursery Rhymes: Little Miss Muffett III (Paula Rego, 1989) |
Quem nunca se sentiu em conflito com alguém ou uma situação sem motivo aparente, ou que depois se arrependeu porque afinal foi um impulso que surgiu do nada? Qual a origem desses episódios?
Todos nós temos um passado que definimos como memórias. Estas ajuda-nos no presente e a prevenir o futuro. É com os erros e vivências passadas que nos vamos também construindo e aperfeiçoando. Até aqui compreendemos que as memórias (mente) são um instrumento que usamos para o nosso dia a dia.
Quando surge o problema? Quando esta memória deixa de ser um instrumento e um recurso para soluções presentes e passa a dominar o nosso presente, como se vivêssemos esse passado diariamente. Deixamos assim de viver o presente e passamos a viver repetidamente o passado.
Viver constantemente este passado acarreta mais problemas, porque ao viver o passado deixamos de viver, de construir, de criar, fixando a nossa mente em algo que não existe mais. Viver é criar e recriar... e o passado não é mais criador. Ele é o que é. Nada se pode modificar lá no passado. Só o presente é criador.
A esse passado em que insistimos reviver chama-se corpo de dor. É algo que nos afectou e como ficou por resolver, recalcamos essa emoção e depois ela insiste em voltar ao nosso presente embora já aqui não pertença.
É importante reconhecer esse corpo de dor, reflectir e questionar-nos sobre o que sentimos, e porque o sentimos, para assim conseguirmos reconhecer o problema e deixar de o recalcar. Porque quanto mais recalcamos um problema mais o alimentamos e mais ele nos persegue. Ao dar-lhe atenção e entendê-lo como e porquê, e reconhecê-lo como algo que não pertence mais ao presente, ele começa a desvanecer-se.
As emoções negativas não são completamente dissolvidas se não forem totalmente encaradas e vistas exactamente como aquilo que são no momento em que surgem. Caso contrário, deixam para trás resíduos de dor. (Eckhart Tolle)
É devido a este corpo de dor que entramos facilmente em conflito connosco ou com quem está ao nosso lado. Porque o corpo de dor procura sempre manifestar-se.
Antes de entrar em conflito, respire fundo, e veja se realmente vale a pena, e se não existe outro motivo (corpo de dor passado) para a sua indignação. A ansiedade e o corpo de dor atropelam o nosso presente. Se conseguirmos perceber isso, aos poucos vamos encarando o corpo de dor e os conflitos desvanecem-se naturalmente. Porque na realidade o presente costuma ser bom... a nossa mente é que, ora está no passado, ora está no futuro, e ambos não existem. Unicamente o presente existe. Por isso viva o presente da forma que gostaria que fosse o seu passado e o seu futuro, e assim se define a sua vida :)
Artigos Relacionados:
Sem comentários:
Enviar um comentário